domingo, 16 de janeiro de 2011

Noites de um verão qualquer



      

Era uma noite de sábado qualquer. Tudo parecia normal para ela. Na beira-mar, percebia-se o céu coberto de estrelas que pareciam contar uma história, que estava prestes a acontecer. Tudo estava indo bem, mas era uma noite com cara de verão, misteriosa. Acenderam uma fogueira. Faltou o violão. Mas de alguma forma as ondas do mar tocavam a música mais bela, um som único que faz bem até a quem não está bem. O mar tocava uma música que de alguma forma a fazia vasculhar o passado em vulneráveis lembranças, que aos poucos se distinguiam com as gargalhadas que os outros davam em torno da fogueira. De repente, pessoas desconhecidas se aproximaram. Mas no fundo ela sabia que pessoas desconhecidas são desconhecidas até o momento em que dirigimos uma palavra a elas. E isso era só uma questão de tempo. Depois de todos se acomodarem, alguns mal-entendidos acontecerem, tudo ficou calmo. Ela continuou com olhar fixo nas estrelas, pensando em mil coisas que só fazem sentido para ela. Só que depois de algum tempo, engatou uma longa conversa com um dos desconhecidos. E de alguma forma, parecia que com o desconhecido ela conseguia se sentir mais à vontade do que com muitos outros conhecidos.  Coisas em comum, assuntos vão e vem, coincidências sempre ocorrem e parecem brilhantes e intrigantes. Ela sabia que tudo parecia bom demais e poderia dar certo, e enquanto conversava com ele, ela sentiu uma enorme vontade de fugir. Fugir de toda aquela segurança, daquela chance de ser feliz. Será que é difícil aceitar que talvez você tenha medo de ser feliz pra sempre? Sim, isso a assustou. Ela, lutando contra seus instintos, permaneceu ali cheia de pensamentos intrigantes e decisões que apelavam para sua razão. Será que ela tinha medo de que mais uma vez a razão atrapalhasse sua emoção? Sim, ela tinha. Eles foram forçados a terminar a conversa, mas ela estava com uma estranha sensação: sua razão a mandava ir para casa, dormir e não esperar nenhuma das promessas que ele a havia feito, e já sua emoção não queria que ele fosse embora, nem que aquela noite acabasse. Só que ele se foi, e ela sem saber o que fazer apelou para o mais fácil: foi mais razão que emoção. Assim que ele se foi ela teve aquela sensação de querer sumir do mundo, ir para bem longe, gritar bem alto, voltar no tempo e tentar reverter à situação. Mas será que ela ainda não aprendeu que o tempo passa e as oportunidades também?  Parece que não o suficiente. E então a partir daquela noite ela percebeu que tinha que mudar. Ela deitou em sua cama, se agarrou ao travesseiro, e percebeu que de alguma forma ela tem que aprender a conviver com a ideia de que se é possível ser feliz, que as coisas podem ser verdadeiras, que a emoção clama incessantemente pela morte de toda aquela frieza da razão. Ela tem que ser forte, lutar para que a razão seja utilizada apenas quando necessária, e não sufocando toda e qualquer emoção. E a partir daí, ela poderá dar longos passos em busca da felicidade.